Dados preliminares do Ministério da Saúde apontam que, em 2022, mais de 17 mil novos casos de hanseníase foram diagnosticados no Brasil. No ano anterior, o número de registros alcançou 18 mil casos, com 11,2% dos pacientes apresentando grau 2 de incapacidade física, indicando lesões graves nos olhos, mãos e pés.
A boa notícia é que a hanseníase tem cura e o tratamento está disponível na rede pública de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Marabá, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem todo o suporte necessário, desde o diagnóstico até o tratamento.
O primeiro passo é o diagnóstico, que pode ser feito ao primeiro sinal de manchas esbranquiçadas, amarronzadas, acastanhadas e alterações de sensibilidade na pele. O paciente pode procurar uma UBS para fazer o teste ou contar com o suporte de um Agente Comunitário de Saúde (ACS) durante visitas domiciliares.
Lília Moura, coordenadora de Doenças Crônicas /SMS
A coordenadora de Doenças Crônicas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Lília Moura, explica como funciona o fluxo: “Cada unidade tem um protocolo específico, mas o paciente pode ser avaliado pelo ACS em campo, na sua área. Esse paciente será encaminhado à unidade para avaliação dermatoneurológica pelo enfermeiro. Dependendo do resultado, ele já inicia o tratamento”.
Lorena Ferreira, enfermeira da UBS Demósthenes Azevedo
Lorena Ferreira, enfermeira da Unidade Básica de Saúde Demósthenes Azevedo, na Marabá Pioneira, detalha o processo de diagnóstico da hanseníase: “A mão pode ficar em formato de garra. Os testes são clínicos e dependem muito do profissional que avalia com o teste dermatoneurológico, determinante para o diagnóstico. A suspeita da hanseníase ocorre quando o bacilo começa a afetar a coloração da pele e surgem as manchas esbranquiçadas. Os pacientes vêm por livre demanda ou são encaminhados por outros profissionais que avaliaram e suspeitaram”.
As Unidades Básicas de Saúde possuem o teste rápido de contatos de hanseníase, que auxilia no diagnóstico para pessoas que tiveram convivência com alguém portador da doença. No entanto, o diagnóstico principal continua sendo clínico, confirmado por meio do teste dermatoneurológico.
O tratamento é realizado com antibióticos em formato de cápsulas e comprimidos, tomados diariamente. Uma vez iniciado o tratamento, em apenas 4 dias, a pessoa não transmite mais a doença. O diagnóstico de cura também é feito por meio do teste dermatoneurológico.
Para garantir que as pessoas não abandonem o tratamento, o município de Marabá oferece uma cesta básica de alimentos aos pacientes, proporcionando apoio nutricional. A Lei nº 17.915, assinada em julho de 2019, instituiu esse auxílio, demonstrando a preocupação da Prefeitura de Marabá com o bem-estar desses pacientes.
Lília revela que nos últimos três meses foram distribuídas cerca de 80 cestas básicas. Atualmente, existem 72 pacientes ativos cadastrados no sistema de saúde, todos beneficiados com a cesta básica.
Essa iniciativa é essencial para as famílias que enfrentam a doença. Um dos pacientes beneficiados, João Felipe Carneiro, 10 anos, conta que aprecia os alimentos fornecidos na cesta: “O que eu mais gosto na cesta é o óleo, leite e farinha de trigo, porque com eles eu posso fazer bolo”.
Essa assistência se estende a outras UBS em Marabá, como a unidade do bairro Laranjeiras. Atualmente, seis pacientes são acompanhados no tratamento da doença e também recebem a cesta básica fornecida pela Prefeitura Municipal de Marabá.
O gerente da UBS Laranjeiras, Fábio Oliveira, destaca a importância desse suporte nutricional para os pacientes durante o período de tratamento, que pode variar de seis meses a um ano. É uma forma de garantir que recebam uma dieta adequada para a melhora de sua saúde.
Fábio Oliveira, gerente da UBS Laranjeiras
A Lei nº 17.915, de 1º de julho de 2019, que garante a cesta básica aos pacientes portadores de hanseníase no município de Marabá, é um passo importante para assegurar a nutrição adequada desses pacientes, contribuindo para uma melhor qualidade de vida durante o tratamento.
A parceria com a Nippon Foundation, iniciada em 2016, continua proporcionando recursos financeiros para análise de dados sobre hanseníase, capacitação de profissionais e orientação sobre a doença, fortalecendo o combate a essa enfermidade. (Com informações da Secom PMM)







